segunda-feira, 26 de abril de 2010

600 MIL PORTUGUESES TÊM CINCO DOENÇAS CRÓNICAS


Em Portugal calcula-se que haja entre 500 e 600 mil pessoas a viver com cinco ou mais doenças crónicas, refere Luís Campos, médico internista e presidente do Fórum Internacional sobre o Doente Crónico, que decorre hoje e amanhã. Em análise vai estar o impacto destas doenças e a melhor forma de articular as estruturas na área da saúde para benefício dos doentes afectados. Metade da população tem pelo menos uma doença.
A prevalência já tinha sido calculada no âmbito do Inquérito Nacional de Saúde 2005/6, mas representava cerca de metade (3% da população). No entanto, o médico acredita que uma percentagem de 5% a 6% seja mais "próxima da realidade. O inquérito é feito com dados auto-reportados, logo, não incluem casos não diagnosticados", afirma.
Vários estudos como o da hipertensão, diabetes, dor crónica ou depressão vêm ao encontro desta realidade. "Constatamos que a prevalência das doenças atinge muitas vezes o dobro do referido pelo inquérito", avança. A hipertensão, por exemplo, atinge 42% da população, mas o inquérito refere apenas 5%. Outro exemplo é o da diabetes, com diferenças de 11,7% e 6,5%.
As doenças mais frequentes em quem acumula cinco ou mais são a hipertensão, que afecta 80% destes doentes. Mas há outras muito comuns, como a doença reumática (77%), depressão (52,6%), osteoporose (48%), diabetes (37%) ou as pedras nos rins (37,9%). Naturalmente, os idosos são os mais afectados. Cerca de metade tem mais de 65 anos e 40% terá entre 45 e 64 anos.
Em 2005/6, o inquérito concluiu que 52% da população tinha pelo menos uma doença crónica e 26% duas ou mais. Mas a tendência é para os números subirem. É precisamente por isso que os especialistas do fórum querem debater estas doenças e encontrar novas formas de abordagem. "Sabemos por um estudo do São Francisco Xavier que 70% dos doentes que vão às urgências pelo menos quatro vezes por ano são doentes crónicos com descompensações. Temos de os tirar de lá", refere.
Por isso, defende uma resposta proactiva e não apenas aos casos agudos por parte dos serviços. Cuidados primários, continuados, hospitais e hospitais de dia devem estar integrados numa rede. O tratamento deve ser garantido por "equipas multidisciplinares, compostas por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, farmacêuticos, nutricionistas, entre outros". A isto junta-se a importância de sistemas informáticos que facilitem a circulação da informação clínica do doente sempre que necessário.
No caso dos doentes que apenas têm uma patologia, "tem de haver programas de gestão integrada da doença que dêem acesso imediato aos doentes sempre que precisem, mesmo que seja para tirar dúvidas". As consultas abertas e os hospitais de dia são centrais no seu tratamento. "Temos de fazer projectos-piloto, que têm de ser incentivados financeiramente."
Luís Campos vai propor (no fórum) que seja criado um grupo de trabalho que dê continuidade aos contributos dos vários parceiros. O estudo de soluções e propostas à tutela é outro objectivo.

Fonte: "Diário de Notícias"

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