Simples células da pele foram transformadas directamente em neurónios funcionais, sem ser preciso recorrer a células estaminais, tal como até hoje se julgava indispensável.
É um “gigantesco passo” para a medicina regenerativa, consideram os cientistas da Universidade norte-americana de Stanford que publicaram os resultados da sua investigação na edição desta semana da revista científica Nature.
“Nós conseguimos induzir directamente a transformação de um tipo de célula num outro tipo completamente diferente”, afirmou Marius Wernig, do Instituto de biologia das células estaminais e da medicina regenerativa da Universidade de Stanford.
“Esta descoberta vai revolucionar o futuro das terapias” e possibilitar que, um dia, seja possível retirar uma amostra da pele de um doente e transformá-la na célula que for necessária para tratar doenças neurológicas como Parkinson ou Alzheimer ou lesões na espinal medula, afirmam os cientistas.
Os neurónios obtidos em laboratório, pela transformação de células da pele de ratinhos, “são completamente funcionais”, ou seja, são capazes de estabelecer ligações (sinapses) e enviar sinais às outras células nervosas, garante Marius Wernig.
As células estaminais embrionárias e as questões éticas
As células estaminais embrionárias são pluripotentes porque são capazes de se transformar e evoluir para qualquer outro dos 220 tipos de células diferentes no organismo humano.
Mas a sua utilização, fonte de inúmeras questões éticas, tem sido muito controversa. Os cientistas voltaram-se então para as células estaminais ditas “adultas”, ou seja, já têm um nível maior de especialização.
Em 2007 foi descoberta uma forma de reprogramar estas células estaminais adultas, quando dois grupos de cientistas – norte-americano e japonês – conseguiram “transformar” células adultas da pele humana em células estaminais com potencial para se desenvolverem em qualquer tecido ou órgão humano – são as células pluripontentes induzidas (iPS, na sigla em inglês).
Conseguiram assim ultrapassar os constrangimentos éticos da produção, e posterior destruição, de embriões, para a recolha de células estaminais embrionárias. Mas as iPS representavam ainda um problema.
Alternativa às iPS
Foi a partir deste novo caminho aberto em 2007 pela equipa japonesa, liderada por Shinya Yamanaka da Universidade de Quioto e pelo grupo do norte-americano James Thomson, da Universidade de Wisconsin-Madison, que os cientistas da Universidade de Stanford avançaram.
A reprogramação das células “normais” em células iPS poderia conduzir a alterações no genoma destas últimas, com o risco de provocar tumores. Um novo método de reprogramação, apresentado em Março de 2009 na revista Science, foi considerado capaz de eliminar esse problema.
Marius Wernig e os seus colegas de Stanford fizeram a experiência sobre três genes de células da pele de embriões de ratinhos com três dias. “A alteração aconteceu no espaço de uma semana, com uma eficácia de quase 20%, bem melhor do que o que se obtém com as iPS”, diz Wernig.
O próximo passo será induzir a transformação em neurónios de células humanas.
FONTE:"http://sic.sapo.pt/online/noticias/vida/Celulas+da+pele+transformadas+em+neuronios.htm"
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
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