quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Morte súbita faz 27 vítimas por dia em Portugal


Mata mais que o cancro, AVC e VIH juntos

Todos os anos são hospitalizados 260 mil portugueses devido a insuficiência cardíaca, o que representa uma média de 712 internamentos diários. Especialistas alertam para a má alimentação e o tabaco, como importantes responsáveis deste tipo de patologia, e para a atenção acrescida que deve ter a população acima dos 40 anos com determinados comportamentos, como iniciar actividade física muito intensa e sem ter feito um exame prévio.

Em Portugal morrem 27 pessoas por dia vítimas de morte súbita, uma patologia ainda pouco conhecida da população mas que mata mais do que o cancro, o AVC e o VIH juntos, segundo dados da Associação Portuguesa de Arritmologia.
Partindo de diversos estudos internacionais sobre morte súbita, foi feita a extrapolação para a população portuguesa, tendo-se concluído que esta patologia, do foro cardíaco, mata anualmente 10 mil portugueses, explicou João Primo, presidente da Associação Portuguesa de Arritmologia, Pacing e Electrofisiologia (APAPE), que organiza um encontro sobre o tema em Cascais, nos próximos dias 12 e 13.
Os mesmos dados dão ainda conta de que 260 mil portugueses são hospitalizados anualmente devido a insuficiência cardíaca, o que representa uma média de 712 internamentos diários. Alguns dos casos de morte súbita ocorrem em indivíduos “aparentemente saudáveis”, diz João Primo, sublinhando tratar-se de um problema “subvalorizado”, mas cuja taxa de mortalidade é superior à do cancro da mama, cancro do pulmão, AVC e VIH juntos.
“A definição de morte súbita e que gera estatísticas é a morte súbita cardíaca e que geralmente ocorre dentro de uma hora relativamente ao início de sintomas, o que não quer dizer que não tivesse havido já sintomas anteriores”, disse o especialista. No entanto, a morte súbita também pode ser “perfeitamente assintomática” e ser a “primeira manifestação”, embora a maior parte seja antecedida de sintomas discretos e muitas vezes desvalorizados. A sintomatologia é variável e consiste em dor no peito quando se exerce alguma força, palpitações rápidas ou perda súbita de consciência que se recupera rapidamente, explicou.
Relativamente às causas possíveis, estão o enfarte e a doença coronária, o colesterol elevado e a hipertensão. Mas também há casos em que o coração é normal e o distúrbio é eléctrico. “São determinadas síndromes em que o defeito é ultraestrutural”, adiantou João Primo. Logo que tenham qualquer uma destas queixas, como dor no peito ou sensação de desmaio, os doentes devem consultar o médico de família, que poderá pedir um exame, aconselha o especialista, sublinhando que o electrocardiograma é um bom elemento de rastreio para prevenir morte súbita.
Embora a população idosa esteja mais em risco, João Primo alerta para a má alimentação e o tabaco, como importantes responsáveis deste tipo de patologia, e para a atenção acrescida que deve ter a população acima dos 40 anos com determinados comportamentos, como iniciar actividade física muito intensa e sem ter feito um exame prévio que habilite à prática desportiva.
Todas estas preocupações e temas vão ser debatidos por centenas de profissionais de saúde nacionais e internacionais no Lisbon Arrhythmia Meeting 2010. Trata-se de uma iniciativa da APAPE e do Instituto Português do Ritmo Cardíaco, que irão ainda solicitar ao Ministério da Saúde a criação de uma rede nacional de referenciação de arritmias cardíacas.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, quatro em cada dez doentes com insuficiência cardíaca morrerão no espaço de um ano após o primeiro internamento e em 2020 ocorrerão na Europa nove milhões de mortes por ano devido a esta patologia.

FONTE:"http://www.tribunamedicapress.pt/nacional-1/27956-morte-subita-faz-27-vitimas-por-dia-em-portugal"

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