quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Tumores em crianças: 620 casos entre 1998 e 2002 em Portugal


Dados estão hoje e amanhã em debate

Número de crianças afectadas por estas doenças é considerado reduzido, mas a prevalência do tumor de Burkitt é entre 30 e 40% superior face a outros países europeus. Perante os resultados, vão ser desencadeados estudos para se encontrar uma explicação para a elevada incidência. Dados positivos são os da taxa de sobrevivência, que colocam Portugal na metade superior da tabela europeia.

Cerca de 620 novos casos de tumores malignos em crianças até aos 14 anos foram identificados entre 1998 e 2002 num registo que abarca a Região de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e Madeira.
Tendo em conta a população residente nessas regiões (4,8 milhões de habitantes) e os dados de outros países da Europa, o número de crianças afectadas por estas doenças é considerado reduzido, mas o trabalho que resultou na primeira publicação exclusivamente dedicada às crianças nesta área identificou uma prevalência do tumor de Burkitt superior a outros países europeus.
"A incidência é maior nas crianças mais pequenas e um aspecto relevante é que temos uma incidência mais alta de tumores de Bukitt, contrariamente aos outros países da Europa", disse a directora do Registo Oncológico da Região Sul (ROR-Sul), responsável pela publicação.
"Comparativamente a alguns países da Europa, temos um nível de incidência entre 30 e 40% mais alto", revelou a médica, acrescentando que ainda não há uma explicação para este facto.
O mesmo resultado foi encontrado na Andaluzia (sul de Espanha) e apesar de contactos desenvolvidos com os pediatras não foi ainda determinada a causa. Sabe-se apenas que estes tumores, que afectam as células linfoides, têm uma incidência mais elevada entre pessoas negras: "Podemos pensar que se calhar o facto de termos incorporado na nossa população mais pessoas de raça negra do que tínhamos anteriormente será possivelmente uma explicação, mas não temos ainda uma explicação consistente".
"O que é relevante é que a partir daqui, desta publicação, vamos com certeza desencadear estudos para encontrarmos uma explicação para esta alta incidência de tumores de Burkitt", indicou.
Nos tumores que ocorrem em crianças mais pequenas, a taxa de sobrevivência é "relativamente boa" face aos outros países da Europa. "Até estamos na metade superior" da tabela, adiantou, considerando que este indicador permite aferir a qualidade do diagnóstico e tratamento prestado pelos profissionais de saúde.
A pesquisa incidiu nos três tipos de tumores mais frequentes nas crianças - leucemias, sistema nervoso e linfomas - e já existem dados mais recentes (2002-2005), mas ainda não estão suficientemente trabalhados, referiu. "Os tumores são raros nas crianças. É uma doença rara. Não tem a mesma frequência do que nos adultos", explicou, sublinhando a importância da publicação, hoje lançada em Lisboa.
As raparigas resistem melhor do que os rapazes a estas patologias, à semelhança do que acontece com os adultos.
Estes dados e outros dados relativos aos adultos estão em análise nas XVII Jornadas do ROR-Sul hoje e quinta-feira.

FONTE:"http://www.tribunamedicapress.pt/nacional-1/27900-tumores-em-criancas-620-casos-entre-1998-e-2002-em-portugal"

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